sábado, 24 de abril de 2010

A primeira vez que fui chamado de intelectual foi aos 13 anos, me lembro bem da cena. Eu sentado na aula de Educação Física com um livro chamado " os 100 melhores contos da mitologia greco-romana ", e então fui chamado de intelectual, tenho certeza que o emissor não sabia o que isso significava, e eu também não, mas gostei do nome. Chegou uma época em que eu não quis ser mais nada, só intelectual, e o fui.
Em outra hora que não há intelectualidade capaz de resistir a linha vermelha do metrô, não há livro que faça a realidade de ter um VR na carteira desaparecer, e não há nada menos intelectual do que o direito, só administração, desisti.
Não que eu odeie meu curso, muito pelo contrário eu o amo,mas o Direito perde todo o seu charme quando está repleto de alunos com senso de justiça e que tangenciam a um polítcamente correto e até uma humildade que me dá um frenesi, pois todas as suas afirmações são levadas ao pé-da-letra, e tudo vira um grande discurso, e até não dizer nada vira silêncio qualificado. Quando se analisa demais tende-se a ficar burro. Eu sempre pensei assim- quando virar uma máquina de filosofar, eu viro um peão.
e então a frase acima vira um preconceito contra os peões, e assim eu morro.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Carta ao amigo Russo

Amigo, hoje passei um dia um pouco afogueado, pois dentre as minhas divagações percebi que perdemos completamente o contato. O antes tão cheio de intimidade e proximidade, hoje resume-se somente a letras vazias em um fútil programa de relacionamentos da microsoft. Antes tudo era muito real, muito próximo, cheio de tons, de vozes ,de expressões, hoje tudo se resume a lembranças do que já foi.
Se algo ainda existe é a valorização pelo que passou, e que reluta em ainda existir pelo simples fato de que nós dois ainda existimos, mas tudo agora é vazio, sem intensidade nem vontade. A amizade não pode ser uma obrigação pela gratidão de tudo que já significamos um pro outro, se precisar ser grato não me importo que o seja em oculto.
Éramos e ainda somos muito diferentes, o que antes foi primordial para que convivessemos hoje é o fator da distância, não tenho problema em entender que tudo o que foi foi verdadeiro e simples, mas acho que hoje você busca novas perspectivas e eu perdi a vivacidade dos anos anteriores, me torno cada vez mais cinza, mais casmurro.
A naturalidade da amizade ingênua que tinhamos aos poucos foi se esvaindo em mim, ficou apenas o agitado frenesi de saber pra que tipo de relação caminhavamos, não há mais segurança, só incerteza, e se em parte a culpa é minha em outra parte também.
A vida é assim. Não se sinta comovido, eu só disse isso pra poder existir. Vivemos em mundos um pouco diferentes e é altamente aceitavel que você se aproxime de quem vive no seu mundo.
até breve.
o Amigo.